Um dia de luto para Democracia

Publicada em 31/03/2024

“Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Temos ódio e nojo à ditadura”.

(Ulysses Guimarães, presidente da Constituinte de 1988)

 

Não há nada a comemorar, mas muito para lembrar. A sanha contra a democracia brasileira e à ordem constitucional não para de nos ameaçar, por vontade de poucos contra governos eleitos democraticamente. Expurgar da vida política nacional atentados à normalidade constitucional, como na tentativa frustrada de golpe em oito de janeiro, é impedir a permanência da impunidade de atos lesivos à República. Não se pode apagar da memória nacional as reincidentes tentativas de ruptura constitucional que formam uma tradição autoritária e intervencionista contra a vontade popular das urnas, desde o suicídio de Vargas, as tentativas de impedir a posse de JK, culminando com a implantação da ditadura militar em primeiro de abril de 1964, em conluio com interesses estrangeiros e empresariais.

Essa data marca a contenção das reformas sociais que sensibilizaram o governo deposto de João Goulart, mas que a força do processo histórico tornou-as inadiáveis, como a reforma agrária, a democratização do ensino superior, a reforma do sistema bancário para os investimentos estratégicos.

Também a intolerância com a crítica e opositores não conseguiu se eternizar pela censura, pela tortura e a eliminação física de democratas.

Uma nação democrática e de importância internacional não pode ser constantemente ameaçada por militares insubordinados  e empresários descontentes com as políticas públicas de um governo.  O papel institucional de nossas Forças Armadas é assegurar o respeito à Constituição.

Nessa data o que desejamos é honrar a memória dos que ajudaram a reconstruir a democracia em nossa combalida república e buscarmos a união de nossa comunidade nesse ideal comum.

Traidor da Constituição é traidor da Pátria. 

Afonso de Alencastro Graça Filho - Pró-reitor Adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação da UFSJ

*Foto: Tânia Rêgo - Agência Brasil